sábado, 28 de novembro de 2009

Não é um conto de natal.

Antes, eu te mandava mensagem e ficava esperando o notificação da operadora avisando que você tinha recebido. Às vezes eu esperava por essa notificação até o dia seguinte, e isso me deixava a noite inteira num sono agitado, esperando o vibrar do celular, relendo a mensagem que eu tinha te mandado e imaginando o motivo de o seu celular estar desligado e você não ter recebido minha mensagem. Será que você tinha desligado o aparelho porque estava com outra, ou a bateria tinha descarregado, ou seu celular tinha quebrado, ou tinha sido roubado, ou você tinha mudado seu número e esquecido de me avisar e eu nunca mais conseguiria falar com você? Eu era capaz de ficar mais de vinte e quatro horas esperando a notificação da operadora e inventando outras hipóteses. E quando eu finalmente ouvia o vibrar do celular, olhava o que era só para confirmar, porque eu já sabia que era a confirmação que você tinha recebido minha mensagem. Pronto, daí eu podia voltar a respirar porque daqui a pouco você ia dar sinal de vida e o mundo voltaria a girar.

Bem antes disso, eu ficava meses esperando o natal para tentar ficar acordada na noite do dia vinte e quatro e descobrir como é que Papai Noel entrava na minha casa, já que lá não tinha chaminé. E quando eu levantava no dia vinte e cinco e percebia que não tinha conseguido ficar acordada, já começava a planejar como eu faria no ano seguinte para não cair no sono de jeito nenhum.

Só que um dia eu descobri que Papai Noel não existe, então parei de esperar tanto pela noite de natal. Também acabei descobrindo que as bruxas dos filmes nunca sairiam de dentro da televisão para me perseguir, que as bonecas não ficavam tristes quando eu não brincava com elas, que os meninos não servem só para atrapalhar, que não é nojento enfiar a língua dentro da boca de outra pessoa, que tirar carteira de motorista não é o mesmo que virar dono do próprio nariz, que o teto não cairia na minha cabeça se eu passasse uma noite de sábado em casa, que furar a parede para pendurar coisas não é uma atividade exclusivamente masculina e que mil outras coisas também não eram mais como antes. E enquanto eu fazia na minha cabeça essa listinha de coisas que não eram mais como antes, o celular recebeu uma mensagem e fui ver o que é que poderia ser naquele horário tão inusitado. Era o aviso que você tinha recebido uma mensagem minha. É mesmo, tinha te mandado uma no meio da tarde, mas já tinha até esquecido. Acho que era desejando um Feliz Natal, um 2010 maravilhoso e outras coisinhas assim. Sei lá. Nem tem muita importância. É, acho que tem mais um item para a minha lista de coisas que não são mais como antes.

Um comentário:

  1. É por essa e outras que eu falo q adoro ler o que vc escreve, mesmo sem saber pra quem foi, deu pra entender exatamente o que vc sentiu ou sente, quando escreveu. E ja passei por isso tambem...enfim. Só mais uma coisa pra lista de coisas em comum entre nós. Beijometuita.

    ResponderExcluir